Em homenagem a uma das figueiras centenárias do complexo da antiga Hospedaria do Brás, o Museu da Imigração inaugura a exposição temporária “1300° Das cinzas, uma árvore” na sala que antecede a curadoria de longa duração.
A iniciativa foi idealizada com a finalidade de enaltecer a importância e ressignificar a perda desse ícone que, depois de acompanhar histórias e sonhos de mais de 2,5 milhões de pessoas na Hospedaria e encantar visitantes nos 27 anos de existência do MI, encerrou o seu ciclo de vida no final de 2020.
Visando mantê-la presente nesse espaço, além do Projeto RAIZ (que traz narrações desenvolvidas especialmente para a ação e que podem ser prestigiadas no interior do tronco restante da árvore), foram preservados galhos para que outras possibilidades surgissem a partir deles. Nesse sentido, a artista e ceramista Hideko Honma foi convidada para integrar a proposta.
“As figueiras do complexo do Museu tornaram-se símbolos para colaboradores, migrantes e visitantes, como testemunhas do que foi vivido no passado. Diante da perda dessa árvore, o nosso trabalho se voltou para garantir que tais sentimentos continuassem vivos, o que foi concluído de maneira brilhante pela Hideko”, comenta a diretora executiva da instituição, Alessandra Almeida.
Por meio da técnica japonesa da queima, a profissional transformou as cinzas da árvore em esmaltes, criando 11 garrafas de cerâmica. Dispostas em uma escultura aérea em espiral, as peças poderão ser prestigiadas na curadoria, que também contará com 368 corpos de teste, revelando as diferentes cores e texturas da figueira.
“Cada ser da natureza possui, na sua memória genética e de vida local, uma estética e um lugar na história, que só o fogo trará à tona. O objetivo, além da busca estética, é a documentação do processo para compartilhar resultados e questionamentos com o público frequentador dessa instituição cultural e pública”, reflete Hideko.
No mesmo ambiente, protegidas por um acrílico, estarão amostras das cinzas em estágios variados do processo, bem como um caderno de anotações da artista relacionado a essa produção. Uma projeção de imagens (poema visual) da transformação e os registros do acervo iconográfico do MI – destacando a figueira e os migrantes – também estarão presentes na exposição.
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