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Peça a peça – edição especial Semana Francesa: Chapéus femininos
Entre os dias 16 a 30 de maio de 2017 acontece a sexta edição da Semana Francesa, evento concebida pela Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB). Para integrar essas atividades de imersão na cultura francesa, o Museu da Imigração apresenta duas edições especiais do “Peça a peça”. Na semana passada, falamos sobre dois utensílios domésticos de nosso acervo. Nesse segundo texto, apresentamos dois chapéus femininos, ambos catalogados como originários da França.

O primeiro é todo preto, feito de linhão, e possui um elástico entre a copa e a aba e um laço decorativo de fita. Em nossos registros, constam apenas o nome da doadora e a data de 1940. Já o segundo é um chapéu em tecido na cor bege, e possui uma fita em laço na cor marrom; deste não temos dadas ou informações sobre a doação, somente a inscrição com sua marca: Albouy Paris.

A origem do uso de utensílio para proteção da cabeça contra o sol é bastante remota e difícil de mapear. Com o passar dos séculos, o uso dos chapéus – bem como outros acessórios de cabeça e cabelo, como coroas e tiaras – passaram a se descolar de sua função utilitária prática e tornaram-se, também, acessórios de moda vinculados ao status daqueles que os portavam. Em muitos casos a função de proteção continuava, mas associava-se àquela do ornamento, sendo, portanto, influenciada pelos modismos e tendências.
As duas peças aqui apresentadas são bastante discretas: uma preta e uma bege, cores sóbrias e modelos pouco rebuscados. O primeiro não tem abas, o que o afasta um pouco mais da sua função original de proteção do sol. Ambos apresentam fitas, que são adereços puramente ornamentais; além do tamanho, o modelo de laço, por sua vez, reforça o aspecto feminino dos chapéus – isso é ainda mais evidente no segundo, que possui uma modelagem mais neutra.
Tratando-se da questão de gênero, o chapéu é uma peça do vestuário que foi amplamente utilizada ao longo do tempo tanto por homens quanto por mulheres, marcando posições sociais, estilo pessoal e muitas vezes dando o tom da ocasião em que a pessoa se apresentava. Porém, a evolução do estilo masculino sofreu menos modificações e apresentou menos variedades do que o feminino.
Com o passar o tempo, o tamanho se modificou inúmeras vezes – ora tornava-se quase uma casquete, ora possuía abas grandes e flexíveis. O formato do chapéu também era influenciado pelos penteados em voga no período – mais altos, baixos, volumosos etc. – e pelo restante do vestuário. A ocasião em que se usava ou não um chapéu é ainda um aspecto simbólico que ainda na atualidade está presente no inconsciente de inúmeras culturas: o homem, principalmente, deveria tirar o chapéu em determinadas circunstâncias, como ao entrar em um templo religioso, na casa de um anfitrião, ou à mesa.
Atualmente, a utilização do chapéu caiu em desuso na maioria das culturas; ele é portado somente em ocasiões especiais ou por aqueles que buscam marcar um estilo ou posicionamento diferenciado por meio das vestimentas, ou seja, seu aspecto simbólico ultrapassou sua utilidade prática ou mesmo ornamental.
Até hoje em dia, a França é um dos países referência quando o assunto é moda. Portanto, é emblemática a origem desses objetos de nosso acervo museológico para pensarmos nas questões de circulação das peças, das modas e das características estéticas dos acessórios. A própria palavra é um reflexo dessa circulação, que podemos entender também por meio da linguagem: chapéu, em português, é derivada do francês “chapel”, atualmente “chapeau”.