O Museu da Imigração exibe a nova exposição do artista plástico, poeta e cineasta angolano Paulo Chavonga, intitulada "Onde o arco-íris se esconde" com curadoria de Luciara Ribeiro e expografia de Carmela Rocha e Sofia Gava.
Artista nascido em Benguela, Angola, vive atualmente em São Paulo, e tem apresentado um olhar atento para a vida e seus espaços. Da janela de seu ateliê às praças da cidade, ele registra o cotidiano com foco nas pessoas. Apoiado em diferentes suportes e materialidades, tendo a pintura como linguagem central, em uma paleta de tons vibrantes, ele observa a realidade e a transforma em imagem de crítica social, sem que isso o impeça de dialogar com extrema poesia e sensibilidade.
Nessa exposição, Chavonga faz conexões entre trajetórias de imigrantes africanos, a experiência cotidiana em outro país e o universo da representatividade artística. O trabalho envolve perspectiva de resistência sobre a ideia de permanência e resiliência ao pensar arte como contato com a cultura dele.
Para focar no aspecto humanista da mostra, o artista conta sua própria história com fotos de sua família em Angola. "Todo imigrante tem uma história e uma memória. Quero criar um olhar humano entre o brasileiro e o imigrante africano. Quero dar voz aos africanos. A mostra reúne também denúncias de xenofobia e racismo, o que tem levado à migração reversa, onde os imigrantes africanos saem do Brasil para outros países ou mesmo para retornarem para sua terra natal", explica o artista.
A exposição integra 60 pinturas, uma instalação que reproduz uma barraca de venda de tecidos da Praça da República, dois vídeos e doze poemas. No dia da estreia, os poemas serão declamados pelos poetas angolanos Ermi Pazo e Mwana N'gola.
O ARTISTA | PAULO CHAVONGA
Paulo Chavonga nasceu em 1997 na província de Benguela, na região central de Angola. Começou com sua produção artística em grupos de estudos comunitários entre artistas. Em 2015, já residente da cidade de Luanda, ingressou na União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP) e no mesmo ano teve a sua primeira individual, a exposição "Passos de Um Artista", na Mediateca de Benguela.
Entre 2015 e 2017 participou das Mostras de Jovens Criadores da CPLP, com itinerância internacional em países como Portugal e Moçambique, e em 2017 participou da "Expo Conexões", em Moçambique, para onde retornou em 2019 na "Expo Move your Art", seguindo para a "Expofacic", em Cantanhede, Portugal, naquele mesmo ano. A partir de 2017, o artista emigrou para o Brasil, vivendo na cidade de São Paulo. Em 2018 começou a frequentar a comunidade HiP Hop da zona sul, realizando vários projetos. Em 2020, foi selecionado para a "Bienal Naifs do Brasil", realizada no Sesc Piracicaba, com curadoria de Renata Felinto e Ana Avelar. Em 2021 participou da residência artística do Museu da Imigração do Estado de São Paulo, finalizada com a mostra "Rostos invisíveis da imigração no Brasil". Em 2022 foi um dos selecionados para o 32° Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, com o projeto "Áfrikas: Olhares descoloniais".