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Dia dos Avós e Dia da Imigração Alemã
Nesta semana duas datas importantes foram comemoradas, o dia da imigração alemã, no dia 25 de julho, e o dia dos avós, no dia 26. A primeira lembra a chegada dos primeiros colonos alemães em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. A segunda é celebrada principalmente no Brasil e em Portugal, países de forte tradição católica, por ser o dia de Santa Ana e São Joaquim, considerados avós de Jesus.
Assim, rendendo homenagem a todos nossos avós e especialmente à imigração alemã para o Brasil nessa semana, o Blog do CPPR traz algumas considerações sobre os muitos avôs e avós alemães que passaram pela Hospedaria de Imigrantes de São Paulo.
Como já abordamos em outras postagens, é importante destacar que o nome “Hospedaria de Imigrantes de São Paulo” responde, na verdade, por duas hospedarias principais da cidade: a Hospedaria do Bom Retiro, cujo funcionamento oficial ocorreu entre 1882 e 1887, e a Hospedaria de Imigrantes do Brás, que exerceu suas atividades entre 1887 e 1978 e onde atualmente encontra-se o Museu da Imigração.
Os primeiros registros de alemães que existem em nosso acervo são de maio de 1882; ou seja, tais imigrantes ficaram alojados na hospedaria do Bom Retiro, e não no Brás. Alguns desses registros dizem respeito, por exemplo, à família Frantrettir, que embarcou em Hamburgo e chegou ao Brasil a bordo do vapor Trent; eram eles Carlos Frantrettir, sua esposa Emilia e seu filho Carlos. Tiveram como destino Rio Claro, do mesmo modo que a imigrante Helena Springir.
Entretanto, se pela hospedaria do Bom Retiro passaram pouco mais de 500 alemães, pela hospedaria do Brás eles foram mais de 20 mil. Aliás, foi um alemão, Mateus Häussler, o responsável por projetar o edifício da Hospedaria. A princípio, esses milhares de alemães que por aqui passaram eram principalmente camponeses. Já na década de 1950, eram mais mecânicos, soldadores, secretárias, advogados etc. Bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Homens e mulheres, em família ou sozinhos, chegaram a São Paulo e se alojaram na hospedaria por alguns dias. Em 1910, por exemplo, Alvina Janike e seu filho Carlos, de apenas um ano de idade, chegaram a Hospedaria no dia 8 de fevereiro. Agricultora, natural de Halle (Saale), teve como destino a cidade de Cosmópolis, no interior paulista. Já Kamer Claus, mecânico, natural de Celle, mas que residia em Hamburgo desde os 10 anos de idade, passou pela hospedaria em 1956. Tinha 18 anos, chegou sozinho e chamado por seu pai que o esperava em Blumenau, Santa Catarina.
Apesar de imigrantes alemães passarem pela Hospedaria desde o século XIX, eles não chegavam em grandes quantidades, eram somente algumas centenas por ano. Esse dado se altera, porém, durante um determinado período: o pós Primeira Guerra Mundial. Se em 1918, último ano da guerra, a Hospedaria viu somente 3 alemães, em 1924 ela recebe mais de 4 mil. É, portanto, na década de 1920 que boa parte dos mais de 20 mil imigrantes alemães que passaram pela Hospedaria se encontram.
Além dos registros desses avôs e avós de tanta gente, o acervo digital do museu possui cartas de chamada de imigrantes alemães, requerimentos e jornais da comunidade alemã em São Paulo desde 1902. Convidamos a todos a descobrir um pouco mais dessas histórias.