Blog
Compartilhe
Roteiros Educativos: Arquitetura e cidade
Este ano a cidade de São Paulo comemora 464 anos de fundação, configurando-se como um grande palco da história de diversas comunidades que por aqui passaram ou se fixaram, colaborando com a construção de sua identidade e de seu patrimônio até os dias atuais.
Nos diversos espaços de visitação do Museu da Imigração, bem como na exposição de longa duração “Migrar: experiências, memórias e identidades”, é possível refletir sobre a influência da migração na história de São Paulo por meio de diferentes objetos e instalações, ativados pelo Núcleo Educativo em suas visitas, atividades e materiais. Elaborado justamente com esse intuito, o roteiro “Arquitetura e cidade” reúne algumas dessas possibilidades, propondo ao público um olhar para a cidade a partir da Hospedaria de Imigrantes do Brás, seu contexto histórico, sua arquitetura e suas rotinas.
Compartilhamos a seguir as reflexões presentes no roteiro, lembrando que você pode acessar esse material em formato impresso durante sua visita ao Museu ou em formato digital na aba “Materiais educativos” do site da instituição.
Estação ferroviária
Da estação propomos olhar o entorno que nos cerca. As linhas do trem; as casas térreas; a grade que protege, mas segrega; a falta de uma passarela; grandes edifícios residenciais; as fábricas ao fundo que, junto às chaminés, ainda resistem; o viaduto com intenso tráfego. São diversas as camadas do tempo que, a partir desses elementos da paisagem, são testemunhos da forma pela qual a humanidade constrói e reconstrói a história. Assim, por meio deles, é possível também propor outro olhar para os diferentes significados simbólicos atribuídos a esses elementos da paisagem.
Jardim
Sente-se num dos bancos do jardim e o observe por um tempo. Este era um espaço de convivência para migrantes nos momentos em que não estavam à procura de trabalho ou resolvendo questões burocráticas. Você conhece ou lembra de algum jardim? Ele faz parte de alguma construção? Um espaço ajardinado possui alguma função? Na cidade de São Paulo há diversas construções com jardins próprios que seguem o estilo dos edifícios, complementando a paisagem e a narrativa arquitetônica. O projeto arquitetônico da Hospedaria tem caráter monumental e faz referência ao estilo eclético. Esse estilo está presente também nas residências da elite paulista contemporâneas a ele, como alguns casarões nos Campos Elíseos. Posteriormente, passou a integrar a paisagem urbana da cidade.
Edifício
No final do século XIX e início do XX, as construções em alvenaria foram símbolo predominante da transformação da cidade de São Paulo em uma metrópole que abandona, após trezentos anos, seus aspectos coloniais. A maquete mostra como era o edifício da Hospedaria até a década de 1930, com tijolos aparentes, varandas vazadas e estrutura de madeira. A configuração atual da fachada possui elementos de linguagem clássica que conferem ao edifício um aspecto de erudição, principalmente em seus elementos decorativos (arcos, molduras das janelas, frisos etc.). Repare ao longo da visita que algumas partes do edifício estão sem revestimento: são janelas do tempo que nos trazem a memória de etapas do desenvolvimento da construção da Hospedaria.
É isto um homem? - Nuno Ramos
Antes de entrar na exposição, propomos que você olhe a cidade pelas janelas. De um lado, por uma brecha, conseguimos ver parte do centro de São Paulo. Do outro, temos um olhar mais local, a continuidade do edifício e ao fundo a paisagem do bairro.
Você já parou para pensar porque a Hospedaria foi construída aqui?
A escolha do local da Hospedaria de Imigrantes não foi uma negociação simples. A maioria das hospedarias costumavam ser localizadas próximas ao litoral. A estratégica posição geográfica de São Paulo foi decisiva, por conta da irradiação de linhas férreas rumo ao interior do estado. No entanto, os desafios da época residiam na distância com relação ao centro da cidade e à estação de embarque, além da salubridade, disponibilidade de água corrente, preço da terra e tamanho do terreno.
São Paulo cosmopolita
São Paulo era uma cidade de casas de taipa e rota de produtos para o litoral até a expansão do ciclo do café para o Oeste paulista, em 1850, e os incentivos federais para a imigração, durante a Primeira República. Casa das Retortas, Palácio das Indústrias, Museu Paulista… A maioria dos prédios presentes nas fotos dessa sala surgem com essa nova ideia de cidade, moderna e histórica, mas não tão antiga quanto os edifícios nos levam a pensar. Você consegue ver alguma lembrança desse passado colonial nas fotografias presentes neste módulo? Ou ainda, você pode identificar o que está por trás dessas grandes construções?
Bom retiro, Mooca, Santo Amaro e Brás
Os bairros que você vê nessa sala são espaços constituídos por diferentes grupos migratórios que neles se fixaram ou que compartilham um passado fabril que pode ser visto nas vilas operárias, no formato das ruas e calçamentos e no horizonte de chaminés abandonadas e terrenos baldios transformados em condomínios. Com a exceção de Santo Amaro, todos estão atualmente na condição de bairros centrais, em contraste com o que era considerada “a cidade de fato” no começo do século XX.
A cidade foi crescendo e se unindo a essas outras cidades, fruto de pessoas e grupos que marcaram espaços no encontro de culturas e identidades que se expandem. Quais são os registros e fronteiras que existem no seu bairro, como ele cresceu? E quanto às pessoas que moram ali: quem são os personagens que compõem a história do seu lugar?
Boa visita!