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A visualidade da exposição “Sinta-se em casa”
Desde o dia 01 de dezembro de 2018 o público pode visitar a exposição temporária “Sinta-se em casa” no Museu da Imigração. A exposição explora as múltiplas relações entre a experiência de migrar e a casa, como espaço e como conceito.

Durante as conversas sobre os conceitos que a curadoria estava estruturando para a exposição, a provisoriedade sempre permeava as discussões. Para quem migra de um país a outro, mesmo o “visto permanente” possui data de validade, trazendo assim uma transitoriedade que buscamos traduzir no espaço expositivo. Outra ideia importante para o desenvolvimento dos projetos de expografia e de comunicação visual é o cenário, que sintetiza a busca perene pela casa ideal, o lugar onde estaremos seguros, cercados por entes queridos, em paz.

Assim, além dos conteúdos estarem apoiados em painéis móveis, facilmente reposicionáveis, as cores das superfícies trazem tons pastéis que remetem ao sonho, à tranquilidade e à leveza, pois realidade é o que nos mostram os objetos e as fotografias de acervo que compõem a exposição. Outro contraponto com a dureza do conteúdo exibido é a linguagem visual dos letreiros em neon, que tentam seduzir o público com a tentação do título: sinta-se em casa, apesar de não poder ficar indefinidamente neste lugar.

O brilho do neon noturno e irreal conforma o logo formado por um ícone representando a casa que todos temos no imaginário desde a infância e o título em tipografia de corpo mais presente, serifada e arredondada que, apesar de não se tratar de uma fonte manuscrita, traz consigo uma construção manual muito presente pelas diferenças de espessuras, inclinação dos eixos e acabamentos que remetem aos desenhos primários de tipografias feitas a partir de penas.
As linhas entram e saem das peças gráficas vindas de algum lugar e se dirigindo a outro, ambos desconhecidos. Contudo, acabam se cruzando e entrelaçando histórias. Os textos reforçam o movimento, apresentados com alinhamento em ângulo, não ortogonal.

A sala expositiva foi setorizada: uma linha divide as áreas ocupadas por cada um dos três eixos de conteúdo, “Acolhida”, “Habitar” e “Morada”. As paredes se vestem de tons de rosa que vão do mais vermelho e vibrante ao mais claro e suave, simbolizando a passagem dos diversos tipos de conceitos de casa, desde sua estrutura física até ser verdadeiramente um lar. Os dois primeiros eixos apresentam reproduções de imagens e objetos museológicos, com o visitante precisando guardar distância deles. Já no eixo final, no coração do espaço, o visitante sai do lugar de espectador e pode interagir fisicamente com o ambiente. Ou seja, pode se sentir em casa.
