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Conhecendo o Museu da Imigração da Ilha das Flores

No dia 10 de abril, o Museu da Imigração foi convidado a visitar o Museu da Imigração da Ilha das Flores, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. O convite foi feito pelo Prof. Dr. Luis Reznik, docente da UERJ e coordenador do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores, como parte das ações do projeto de pesquisa Entre o universal e o particular: a Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, financiado pela FAPERJ.
A Ilha das Flores foi uma hospedaria de imigrantes, tal como nosso edifício-sede, e funcionou de 1883 a 1966. Sob administração federal, tinha como principal objetivo a recepção de migrantes internacionais e refugiados, vindos principalmente da Europa, com destino não só ao Rio de Janeiro, mas também a outras províncias/ estados do Brasil. Atualmente sedia a Tropa de Reforço da Força de Fuzileiros da Esquadra do Corpo de Fuzileiros Navais, da Marinha do Brasil, e possui muitas das edificações originais preservadas.
O Museu da Imigração da Ilha das Flores é composto por um roteiro de visitação ao ar livre, com pontos de interesse histórico distribuídos em diversos pontos do território, além de um espaço indoors, no qual o visitante pode conhecer uma exposição multimídia que contextualiza a primeira função daquele lugar, em suas diferentes fases, e apresenta histórias de pessoas que migraram ou que conviveram na Hospedaria da Ilha das Flores. Esse espaço de visitação ocupa a antiga casa do tradutor e é um dentre tantos espaços destinados aos funcionários da Ilha, que residiam ali com suas famílias.
Uma curiosidade sobre o território visitado que chama muito a atenção é o fato de hoje não ser mais uma ilha. Nos anos 1980, para a construção de um trecho da rodovia 101, o espaço entre a ilha e o continente foi aterrado e o roteiro de visitação ajuda, por meio de uma maquete e de fotografias antigas, a entender como era antes o ambiente que os acolhidos e os funcionários da Ilha das Flores conviveram.
Interessante também conhecer o “pátio dos imigrantes”, espaço entre os antigos dormitórios, na parte mais alta da ilha, e vislumbrar a bonita arquitetura, que respondia a demandas práticas de acolhimento, mas também sugeria modos de convívio durante a estadia de migrantes internacionais e refugiados, que tinha uma duração média de 7 dias.
Durante a visita tivemos a oportunidade ainda de conversar com os pesquisadores, educadores e oficiais do Museu sobre o nosso processo de pesquisa para a elaboração da exposição Hospedaria 130, aberta em agosto do ano passado e remontada esse ano. Foi muito interessante trocar experiências sobre fontes históricas e comparar contextos, dinâmicas e funções entre as duas hospedarias de imigrantes.
Voltamos da Ilha das Flores com a compreensão do potencial do diálogo a respeito das pesquisas e ações realizadas pelas duas instituições de memória e de como as perguntas que fazemos para os patrimônios que preservamos, no caso, duas hospedarias com funções semelhantes e contemporâneas entre si, podem ampliar nossos conhecimentos.
O trabalho de pesquisa realizado pela equipe da Ilha das Flores preserva as muitas histórias daquele lugar e articula com propriedade as relações entre o território e o patrimônio construído. Além disso, o lugar é lindo e cheio de lugares que emocionam pelas vivências passadas e vale muito ser estudado, conhecido e divulgado.