Blog
Compartilhe
Museus de imigração: compromissos com o contemporâneo
Museus são associados ao passado, à coisa velha, ao ultrapassado; àquilo que não existe mais, ou se ainda existe, que não se apresenta da mesma forma que hoje conhecemos. Museus são também associados ao exemplar, ao consagrado, àquilo que devemos preservar porque já é considerado patrimônio herdado e herança para as futuras gerações. Mas desde a década de 1960, essa instituição vem sendo repensada e seus papeis sociais, expandidos. Além do colecionismo e do compromisso com a preservação, estudo e comunicação de bens culturais, os museus devem ser entendidos como espaços de relação, principalmente com as comunidades com as quais dialogam e com seu tempo atual.
O Museu da Imigração passou recentemente por uma reestruturação conceitual que culminou na escrita de um novo Plano Museológico. Tradicionalmente relacionado com a história da Hospedaria do Brás – as ações de preservação, pesquisa e comunicação até 2010 privilegiavam os grupos migrantes e temas circunscritos aos seus anos de funcionamento (1887 a 1978) – o Museu hoje abarca também questões contemporâneas, a partir do entendimento de que migrar é um processo atemporal e dinâmico, que nunca deixou de ser experimentado. Esse novo posicionamento já é realidade em ações de pesquisa e comunicação, como atestam as exposições “SER Imigrante: o mesmo e o outro”, “Cartas de Chamada de Atenção” e “Direitos Migrantes: nenhum a menos”, bem como os projetos de História Oral; mas, no que tange à preservação, principalmente a formação de coleções, o Museu ainda tem dúvidas de como fazê-lo.
Pensando nessas questões, organizamos o seminário “Museus de imigração: compromissos com o contemporâneo e processos” para ampliar o diálogo com interlocutores externos e apresentar o que temos realizado a esse respeito. A programação começará na parte da manhã com uma visita à exposição “Direitos Migrantes: nenhum a menos” e uma de roda de conversa com alguns dos participantes (Adama Konate, Agostinho Martinho, Jobana Moya, Patrícia Torrez, Viviana Peña e Werner Regenthal) e a curadora da exposição, a fim de discutir as manifestações políticas e culturais migrantes no ambiente urbano de São Paulo e a como os museus acolhem esses processos. No período da tarde, especialistas parceiros do Museu serão chamados para analisar processos que estão em curso na instituição: registro de experiências de vida por meio da metodologia de História Oral; discussão sobre colecionismo do contemporâneo, a partir do relacionamento com seus agentes protagonistas; e preservação das informações elaboradas e difundidas no Internet.
