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Educativo do MI apresenta: Comida de Rua
“Os cadernos da minha mãe ficaram comigo e aos finais de semana a gente sempre fazia alguma receita. Durante a semana é mais corrido, precisa de tempo para fazer”
(Zulmira Prevideli)
O olfato e o paladar podem nos trazem memórias de pessoas, lugares e tempos de forma quase instantânea. Os cheiros vêm, e junto com eles a lembrança dos gostos, imagens, sons e gestos, quer seja uma receita dos avós, do almoço de domingo, de um simples biscoito amanteigado ou de uma barraca de comida de rua. Esses sabores pelo ar nos perseguem.
Na exposição temporária Migrações à mesa, aberta no Museu da Imigração desde novembro de 2016, vemos como essas memórias aparecem em cadernos de receita e recortes de diferentes gerações, mas quantas vezes isso também não nos acontece no espaço público?
Nas portas de estações de metrô e trens, nos pontos de ônibus, nas entradas das escolas, faculdades e hospitais, ou em estádios de futebol e cemitérios, atos políticos e festas de rua, nos chegam pelas narinas os cheiros de sabores que se mesclam ao caleidoscópio de sentidos que a cidade nos oferta. Você já pensou em mapear as paisagens pelo paladar e pelos cheiros?
Ora, na manhã: experimente uma broa de milho com um café coado ou um pão caseiro nas barracas próximas aos metrôs e pontos de ônibus, acompanhando a jornada dos trabalhadores e trabalhadoras;
Ora, na tarde: experimente um churrasquinho grego ou um sanduíche de pernil junto a um suco de laranja, presentes nas grandes praças e calçadas da urbe; e de sobremesa, ainda, cocadas, marias-moles ou pés-de-moleque;
Ora, na noite: experimente um yakissoba, geralmente feito por ambulantes de origem chinesa, ou mesmo um pratinho com milho cozido e misturado à manteiga, ou as batatas e pipocas variadíssimas, com bacon e queijo e doces e coloridas, respectivamente;
Ora, na madrugada: experimente mesmo nesses horários aquilo que o paulista tomou dos Estados Unidos por antropofagia - o dogão (hot-dogs ou cachorros-quentes), que vem prensado, com purê, batata palha, salsichas, molho e outros ingredientes, que acompanham os boêmios que festejam e aqueles que voltam tão tarde ou chegam tão cedo aos seus ofícios.
Interessante que a comida de rua não é um privilégio dos food trucks e dos tempos atuais. Nos tempos da São Paulo colonial e imperial, há registros de quitandeiras e tabuleiras que se estabeleciam nalgum lugar ou em movimento. A rua da Quitanda, no Centro Velho paulista, possui ainda tal nome por conta da presença dessas mulheres em outros tempos. Geralmente negras escravizadas - que entram na categoria denominada negros de ganho - ou indivíduos pobres, essas pessoas vendiam coisas feitas por uma patroa branca ou de alguém que possuía um comércio próprio. As comidas eram feitas de ingredientes obtidos nos arredores; assim, pinhões cozidos, amendoins e içás (um tipo de formiga) torrados, ou cuscuz e empadas feitos com peixes pescados no rio Tamanduateí eram pratos comuns para os estratos populares da vila colonial.
Quais as semelhanças e diferenças na forma de vender, servir e nos cheiros e sabores das comidas que encontramos hoje sendo comercializadas por ambulantes na cidade de São Paulo?


Você pode conferir o Caderno Educativo desenvolvido para a exposição ‘Migrações à mesa’ neste link, além de participar de uma programação educativa especial no mês de janeiro.
Serviço:
Exposição temporária ‘Migrações à mesa’
Museu da Imigração do Estado de São Paulo
Rua Visconde de Parnaíba, 1316 – Mooca – São Paulo/SP
Terça a sábado, das 9h às 17h
Domingo, das 10h às 17h
É pra comer ou pra brincar? com Guilherme Ramalho
Dia 22 de janeiro, 15h às 17h - Acolhimento
A partir de 06 anos
Uma comida que pode ser um jogo, muito fácil de fazer. Venha fazer a receita de Biscoito Dominó com o Educativo, e de quebra aproveitar uma tarde de jogos no museu!
Mutirão na horta - Chá de boas vindas com Luiz Gregório
Dia 21 de janeiro, 15h às 17h - Jardim
Livre
O Educativo realizou uma horta urbana comunitária no jardim do museu, e agora quer convidar os vizinhos e interessados para pensar juntos a utilização e manutenção deste espaço. Neste mutirão de boas vindas, iremos realizar um lanchinho para conversar melhor sobre o projeto e formar um grupo de amigos da horta.