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Vitrine do acervo: Chanucá
O Chanucá é uma festa religiosa judaica que, em sua origem, celebra o descanso (chanu) do povo macabeu e a libertação do Templo Sagrado de Jerusalém no século II a.C. A festa dura oito dias, tendo início no dia 25 de Kislev e terminando em 2 ou 3 de Tevet, segundo o calendário judaico. Esse período coincide com a época do Natal, celebrado nas culturas cristãs, também simbolizando um momento de inauguração e renovação.
O Chanucá também é conhecido como Festa das Luzes. Durante os oito dias de festa, são acesas oito velas que remetem ao imaginário dos eventos contados nos livros de Macabeus. Os Chanukiás são candelabros 9 braços, utilizados especialmente nessa ocasião: na primeira noite acende-se somente o braço maior – que acenderá todos os demais – e a primeira vela. A cada noite acende-se mais uma, até que o candelabro esteja completamente acesso no oitavo dia do Chanucá.
Na vitrine do mês de dezembro, apresentamos três peças que remetem a essa tradição. A primeira é um Chanukiá bastante detalhado, onde temos os oito braços ao lado de uma Estrela de Davi, importante símbolo da cultura judaica, sob a qual será posicionada a vela denominada servente, ou shamash. Os outros dois Chanukiás são peças de metal que, embora com menos ornamentos, possuem duas inscrições. A primeira, na face superior, diz “Feliz Chanuká”, que parece nos indicar que tenha sido um presente, e “Beit Chabab”, nome de uma cidade do Líbano. Na face inferior há a inscrição do fabricante “Manufatura de brinquedos Estrela”.
Embora as duas inscrições não apresentem nenhuma relação óbvia, o que chama a atenção é a possível relação dessa peça – que pode ser um brinquedo ou uma miniatura – com a Estrela. Esta foi uma importante fábrica de brinquedos situada no bairro do Belém (e próxima, coincidentemente, ao atual Templo de Salomão), fundada na década de 1930 pelo imigrante alemão-judeu Siegfried Adler, que veio para São Paulo no início desta mesma década, fugindo da perseguição nazista na Europa.
Assim, embora não haja nenhuma informação sobre a trajetória dessas peças ou sobre a doação para o Museu da Imigração em nossos registros, a sua presença nessa coleção pode nos ajudar a pensar sobre a imigração judaica, a atuação e a perpetuação da cultura dessa comunidade na cidade de São Paulo.