A migração é uma experiência vivenciada das mais diferentes maneiras, de acordo com o sujeito e seu contexto. A vivência feminina nas migrações é repleta de especificidades, ao contrário do que se pode deixar entrever a imagem de um migrante universal. Nesta exposição, apresentaremos um panorama da presença feminina nas migrações, partindo das experiências vivenciadas tanto no âmbito da Hospedaria de Imigrante do Brás e do atual Museu da Imigração, quanto de um contexto mais amplo da história de São Paulo, desde o final do século XIX até o presente.
Seguir as pistas de uma história das mulheres não é uma tarefa fácil. Muitos de seus indícios foram apagados ou encontram-se sobre os escombros de uma documentação majoritariamente masculina. Na busca por essas vozes, encontramos muita potência, mas muitos silêncios. Esperamos que esta exposição desperte os nossos sentidos para ver, ouvir e sentir a presença feminina em tantas histórias e estórias. Para continuar buscando e revolvendo as estruturas em busca de mais.
Apresentamos aqui alguns vislumbres dessas mulheres: que se despediram, que se partiram, que sentiram saudades, que mudaram de rumo e destino, que construíram e reconstruíram seus mundos particulares e mais tantas partes do mundo compartilhado. Operárias, donas de casa, lavadeiras, passadeiras, agricultoras, enfermeiras, escritoras, secretárias, parteiras, governantas e tantas outras se revelam, aqui, protagonistas da história das migrações no Brasil, bem como de suas próprias vidas.