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Arte migrante: 11 artistas e 11 obras em 2022 - Apresentação
Este é ano do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Para celebrar o acontecimento, diversas instituições de cultura preveem ações tematizando a efeméride nas suas programações. Acesse lista aqui!
Mas você já se perguntou por que a Semana de Arte Moderna e o Modernismo seguem sendo tão debatidos ainda hoje? Cem anos se passaram e, durante esse período, o que se seguiu foi a veiculação de um conjunto de personagens, símbolos, obras e reflexões relacionadas ao movimento artístico, posicionando "a Semana" enquanto um marco para a cultura nacional. Diferentemente de outras tendências ou movimentos artísticos, portanto, o Modernismo, de fato, ocupa um lugar de reconhecimento ímpar na nossa sociedade.
Segundo Antônio Cândido:
O Modernismo não foi apenas um movimento literário, mas, como tinha sido o Romantismo, um movimento cultural e social de âmbito bastante largo, que promoveu a reavaliação da cultura brasileira, inclusive porque coincidiu com outros fatos importantes no terreno político e artístico, dando a impressão de que na altura do Centenário da Independência (1922) o Brasil efetuava uma revisão de si mesmo e abria novas perspectivas, depois das transformações mundiais da Guerra de 1914-1918, que aceleraram o processo de industrialização e abriram um breve período de prosperidade para o nosso principal produto de exportação, o café[1].
Uma das razões de o Modernismo ainda ser objeto recorrente de debates, dessa forma, é por ter sido um movimento que ecoou diversas questões colocadas naquele momento a uma sociedade que já olhava com uma certa distância histórica para a sua condição de colônia e adentrava um período de intensa urbanização e industrialização sob o novo regime republicano. Da capacidade de capturar algo da realidade e oferecer à reflexão e da capacidade da arte de nos fazer pensar sobre quem somos nós e sobre quais rumos queremos seguir é que surge o interesse renovado nesse marco histórico.
Partindo da mesma premissa de que a arte e a cultura são espaços privilegiados para a compreensão da nossa realidade, o Museu da Imigração tem buscado, nos últimos anos, pesquisar e documentar a experiência migrante também a partir do universo das artes.
No passado e na contemporaneidade, os agentes artísticos e culturais migrantes foram e são destacados vetores da pluralidade que caracteriza a metrópole, intercambiando vivências e práticas artísticas. Sendo também o MI parte integrante do circuito cultural de São Paulo, a instituição encara o registro dessas experiências como um dever.
Assim, lançamos, nesse ano, o projeto "Arte migrante: 11 artistas e 11 obras em 22", com o intuito de apresentar migrantes que se destacaram no passado ou na atualidade no campo das artes e da produção cultural. A ideia é compartilhar, uma vez por mês, nas redes sociais e aqui no Blog do CPPR, um artista e uma obra de sua autoria. Com isso, esperamos poder tanto relembrar figuras migrantes, que trouxeram contribuições importantes para essa área, quanto convidar o público a acompanhar a produção artística de migrantes internacionais atuantes no Brasil.
Referência
[1] CÂNDIDO Antônio. Iniciação à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.
Foto da chamada: grupo de homens e mulheres no Teatro Municipal de São Paulo.