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Arte migrante: 11 artistas e 11 obras em 2022 - Cholitas da Babilônia
Texto do próprio coletivo adaptado para este projeto.
O coletivo Cholitas da Babilônia foi formado em 2020, inicialmente, por mulheres imigrantes e brasileiras de ancestralidade diversas. No entanto, atualmente, conta com integrantes de outras identidades e do gênero masculino, tendo como propósito construir juntos as suas identidades ou a construção da identidade latina que, por vezes, foi tão apagada historicamente para os brasileiros.
A formação teve como iniciativa encontros envolvendo as integrantes que participaram da ativação "Fabulosas", uma performance coletiva da artista Carolina Velasquez. Os temas trabalhados são descolonização, ancestralidade, raciais e, também, as pesquisas subjetivas dos integrantes, que fazem uso das mais diversas linguagens artísticas.
YO ESTOY AQUI
A intervenção artística "YO ESTOY AQUI" aconteceu na 34ª Bienal de São Paulo. Nela, as artistas performaram guiadas pela ativação do trabalho "Fabulosas", de Carolina Velasquez, e ao som do Inti Wawa, artista e yatiri/xamã. Na ação, os corpos se envolviam com a sua ancestralidade, pois com a pollera, vestimenta usada pelas cholitas mulheres indígenas aymaras e quéchuas, retomaram um pouco da sua identidade, que, na verdade, é uma construção constante. Além disso, a maioria delas estavam se vestindo pela primeira vez de cholitas, assim valorizando tal identidade perdida ao longo do tempo pelo próprio racismo estrutural que existe no país de origem (Bolívia) e no Brasil.
As polleras rodopiaram a todo instante junto com a Whipala (bandeira que representa os povos indígenas andinos) carregada pelas artistas. Em que se deu início na obra "Mahá Só'agī Bu'sá - Manto da Arara Vermelha - 2021" de Daiara Tukano, com o símbolo da cruz andina do terceiro andar até o térreo por, aproximadamente, 30 a 40 minutos. A intervenção tangenciou um pouco a apresentação da dança folclórica morenada, mas que, nesse caso, foi mais político do que cultural. Isso porque o coletivo denuncia a falta de representatividade de indígenas imigrantes ou filhos de indígenas imigrantes dentro dos espaços de instituições artísticas, pois se nem o estado brasileiro as reconhece dentro do IBGE quem dirá tais locais.
Assim, o ato conversou com tal edição da Bienal porque, pela primeira vez, houve uma grande participação de artistas indígenas, tanto brasileiros quanto de outros países. Logo, a intervenção artística é também uma reivindicação de espaços nessas instituições.
No vídeo "Na Varanda com Carolina Velasquez | Ativação dos corpos - espíritos: Costura ancestral", a artística Carolina Velasquez apresenta uma parte do processo criativo do grupo e a sua formação. Confira aqui!