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Caminhamos o presente, olhando o passado: sobre os dez encontros de sabedoria e pesquisa indígena andina no Museu da Imigração
Monica Huanca e Cristina Branco*
Uma das etimologias possíveis para a palavra aymara seria a condensação da expressão jaya aru mara, que aproximadamente poderia ser traduzida como “palavra de um tempo antigo”**. Entre as diversas características desta língua andina, hoje falada por cerca de 2 milhões de pessoas na região altiplânica da Cordilheira dos Andes e para além dela, temos a existência de um pronome que é identificado como a quarta pessoa do singular, denominado jiwasa. Este pronome expressa a inclusividade, uma forma de conjugar verbos contemplando todos, eu e você, incluindo todos e não excluindo ninguém. Por ser inclusivo, denota ação ou estado que é e tem sentido ao se fazer conjuntamente, coletivamente. Já o verbo sarnaqaña significa caminhar, andar, viajar, mover-se de um lugar para outro, designando deslocamento espacial. Conjugado para o tempo presente e nesta forma verbal de quarta pessoa do singular, chegamos à expressão sarnaqtanxa, nos aproximando deste movimento feito coletivamente por muitos migrantes andinos, no tempo presente, vindo não necessariamente em um movimento ou momento só ou com apenas um fim, mas transitando entre os diferentes espaços, difusamente, em muitos sentidos e criando histórias e trajetórias de vida.
Inspirado nessas raízes de termos e ideias, o Ciclo formativo Sarnaqtanxa: sabedoria e pesquisa indígena andina em São Paulo foi criado no início de 2025/5532***, pelo Centro Cultural Andino Amazônico, coletivo independente formado maioritariamente por pessoas indígenas andinas e descendentes, Aymara e Quechua, com maior referência no Kollasuyu (território indígena pluriétnico entre o sul do atual Peru, o ocidente boliviano e os nortes argentino e chileno), e por aliados bolivianos e brasileiros não-indígenas. Fundado nos inícios de 2019/5526, num esforço conjunto de vários grupos de música e dança autóctones andinas que co-realizaram o Ano Novo Andino, ou Willka Kuti, em aymara, ou Inti Raymi, em quechua, o Centro Cultural foi traçando novos caminhos a partir de finais de 2023/5532, quando realizamos o nosso primeiro Illa Pacha enquanto coletivo. Até então, o Centro Cultural já tinha organizado os Anos Novos Andinos de 2022 (5530-5531) em Itaquaquecetuba e de 2023 (5531-5532) na Praça D. Pedro I, no centro de São Paulo. Na virada de 2023/5532 para 2024/5532, o coletivo começou a se organizar em outras frentes de ação, para além da organização anual do Ano Novo. Iniciamos a celebração pública de outras festividades do calendário cosmogônico andino, como o Awti Pacha, em março, e o Chakana Raymi, em maio.
Ainda que cada festividade seja em si mesma um momento de formação e recordação sobre práticas indígenas andinas específicas relativas à cada data celebrativa, mas também sobre valores e princípios de base dos mundos aymara e quechua, principalmente com referência no Kollasuyu, no Altiplano andino, se sentia uma maior demanda por momentos de formação direta, compartilhada por professores e mestres indígenas andinos. Por isso, ao percebermos a busca de vários dos integrantes por informação para complementar seus processos de reconexão e relembrança originária andina, em maio de 2024/5532, criamos o curso Aproximações à Língua e Cosmogonia Aymara, com seis aulas híbridas dirigidas por Roger Chambi, Elias Ajata, Minerva Coronel, Rubén Hilari, Nancia Huanca e Froilan Laime, todos professores aymaras das áreas da linguística, da filosofia, sociologia, da história, entre outras. Diante do sucesso dessa primeira iniciativa formativa, com mais de cem pessoas inscritas, articulamos um grupo de trabalho dedicado especialmente para corresponder a essa demanda por formação. No início de 2025/5532, o Centro Cultural Andino Amazônico criou, então, esse projeto formativo mensal que busca escutar uma diversidade de sábios e pesquisadores indígenas andinos que residem na cidade e na região de São Paulo. Em parceria com o Museu da Imigração, que desde março de 2025/5532 cede espaço para a realização dos encontros mensais, apoia na produção do material gráfico e audiovisual para divulgação e oferece o lanche da pausa de cada encontro, o Centro Cultural vem fazendo a programação do Ciclo formativo Sarnaqtanxa: sabedoria e pesquisa indígena andina em São Paulo.

De frente a numerosa comunidade indígena andina de São Paulo e seus tantos referentes, a frente formativa do Centro Cultural Andino Amazônico tomou o princípio aymara e quechua da dualidade complementar, reconhecido como chachawarmi, para direcionar e organizar a programação do ciclo. A dualidade basilar à vida pela ontologia aymara e quechua vai muito além de uma lógica dual entre homem (chacha) e mulher (warmi). A complementaridade entre pares existe desde a interconexão entre tempos-espaços, entre Uku Pacha, Kay Pacha e Hanan Pacha, em quechua, ou Manqha Pacha, Aka Pacha e Alax Pacha, em aymara, entre o Sol, Tata Inti ou Willka, e a Lua, Mama Killa ou Phaxsi, como entre todos os seres vivos, as montanhas, os rios, e assim por diante. A complementaridade igualmente se dá entre pessoas que ao comunicarem seus universos e suas vivências, informam também sobre suas diferenças e semelhanças, suas sintonias e desencontros, e tudo isso se trança em forma de vida, de memória viva, de futuros possíveis.
Nesse sentido, a frente formativa do Centro Cultural desenhou uma curadoria na qual se escuta ora uma formadora mulher, ora um formador homem, ora uma pessoa aymara, ora uma pessoa quechua, ora uma pessoa de gerações mais jovens, ora uma pessoa de gerações anteriores, ora alguém mais vinculado a uma pesquisa de formato acadêmico, ora um sábio formado pelas suas experiências de vida individual, comunitária e social, sem vínculo universitário. Assim, dentro do panorama indígena andino, se escutam vozes diversas, sobre temas diferentes. Além disso, neste ano, as pessoas formadoras foram convidadas a trazerem os temários que quisessem, com a exceção de duas situações nas quais, pela coincidência com alguma data festiva andina, foi sugerido que os formadores abordassem assuntos relacionados à festividade da época.

Nestas ciclicidades, nos encontramos. No tempo circular e em espiral do mundo andino, os caminhos se sobrepõem, se complementam, se comunicam, se relacionam. A palavra aymara qhipha é um advérbio que exprime o que vem depois, o último, o que está atrás. Espacialmente esse termo também denomina o que está às costas, ou atrás de quem o expressa. Seguindo nessa compreensão, o futuro – complementarmente – é ainda não visível, por isso está às nossas costas, atrás de nós. Por sua vez, a palavra aymara nayra é ao mesmo tempo designação de antes, anterior e denomina também o olho e o sentido da visão. Como a direção do caminhar é para o que conseguimos ver, no mundo andino, vemos o que já nos precedeu, vemos o antes. E caminhamos nesse sentido. Mas, isto somente se comunica se entendermos o tempo em ciclicidades, em fases que se seguem, como nos ciclos das estações, dos astros, do dia e da noite, nos variados movimentos do que no mundo ocidental eurocêntrico se chama “natureza”, mas que no mundo andino tem a conotação de tudo o que existe e é denominado “Pacha”, referindo-se à totalidade do existente, seja no mundo visível, seja no mundo invisível. Assim, em qhiphat nayrakamaw podemos encontrar um sentido complementar ao expresso em sarnaqtanxa: do depois (qhiphat) e até o que está antes (nayrakamaw), caminhamos (sarnaqtanxa).
As tradições, memórias, histórias, vivências, experiências, sentidos e sentires coletivos vem do antes, do que vimos e experienciamos, dos que nos precederam. O que podemos hoje ver é o que já veio antes. O depois, o após está às nossas costas, não podemos vê-lo. No hoje e no presente, podemos construí-lo. Das awichanaka (avós) e dos achachilanaka (avôs) ancestrais que nos precederam nestas terras de Abya Yala chega até nós a força para caminhar, pois nos legaram todo o conhecimento e sabedoria para caminhar na terra, pisando suavemente nela, como diz o parente Ailton Krenak. Para as futuras gerações, para o que vem e virá depois, nós seremos o seu Nayra Pacha, o seu legado, no longo e contínuo fio de transmissão da Vida, de sua sabedoria, em toda a sua diversidade e complexidade. O fato dos encontros no Museu da Imigração se denominarem ciclos formativos também nos traz a inspiração de compartilhamento, de ser um saber que se traduz em circulação de palavras, escuta mútua e de troca de experiências, onde a contribuição de cada um faz diferença, impulsionado também pela diversidade geracional do público e das pessoas que compartilham suas vivências em Piratininga (nome ancestral para estas terras hoje denominadas São Paulo).
Para expressar um pouco do tanto que vivemos nestes últimos dez meses de sarnaqtanxa, rememoramos cada um dos dez encontros realizados em 2025, trazendo algo destas diversas vozes, olhares, histórias, memórias, impressões e vivências. As falas reunidas constroem uma reflexão comum sobre a ancestralidade como presença viva e constitutiva do sujeito e da coletividade. Essa compreensão aparece, antes de tudo, no reconhecimento ético e ritual daqueles que vieram antes. Na abertura do ciclo formativo, Monica Huanca, no mês de março (achuqa), afirma que “nós sempre pedimos, no começo, um permiso, pedimos permiso a todos los que vinieron antes de nosotros, [pedimos licença a todos os que vieram antes de nós]**** e que estão aqui de alguma forma, nossas memórias, nossas histórias, o que trazemos na bagagem, tudo isso nos forma”. A ancestralidade, nesse sentido, não é entendida como herança distante, mas como relação de hoje, do agora.
Essa mesma lógica atravessa a ideia de relembrança e continuidade dos saberes ancestrais, compreendidos como práticas que permanecem em movimento. Don Martín Caballero, em abril (qasiwi), observa que “hoy en día estamos rescatando todo lo que manejaban nuestros ancestros” [hoje em dia, estamos resgatando tudo o que nossos ancestrais lidavam], dando conta de vários processos ativos de retomada, como a divulgação do saber ervanário, que se opõem à noção de perda definitiva. Shirley Espejo, por sua vez, em maio (llamayu), aprofundou essa perspectiva ao afirmar que “os nossos ancestros estão vivos também, a minha história vem a partir de ser filha dos meus pais (...) é por causa deles que eu estou aqui”, reforçando a centralidade da filiação e da experiência familiar como lugar de atualização da memória ancestral.
Nesse mesmo sentido, a ancestralidade também foi mencionada como memória incorporada, inscrita no corpo, na energia vital de cada ser vivo e da comunidade, mesmo diante dos desafios da migração. Mama Elena Abya Yala, em junho (mara t’aqa), junto com Tata Max Chura, sintetizou essa ideia ao afirmar que “lo que nosotros manejamos es la memoria ancestral, es lo que hemos dejado nuestros ancestros, nuestras vivencias, aquellas que quizás por la migración ya se olvidaron pero nunca es tarde para recorrer porque está en el ADN del ajayu [energia vital]” [o que nós lidamos é com a memória ancestral, é o que os nossos ancestrais deixaram, nossas vivências, aquelas que talvez por conta da migração já foram esquecidas, mas nunca é tarde para recorrer a ela porque está no ADN da energia vital que tudo anima] . Ao evocar “el despertar”, denunciam os processos de apagamento — “nos han hecho dormir haciéndonos olvidar de ellos [aphus]” [nos fizeram dormir fazendo-nos esquecer deles (seres tutelares, montanhas)] — e propõem uma inversão temporal fundamental à ontologia indígena andina ao afirmar que “la curación del futuro es el pasado” [a cura do futuro é o passado].

Esse movimento de reconexão não se dá sem conflito, especialmente quando atravessa instituições acadêmicas e espaços de legitimação do conhecimento. Hans Quelca Yanique explicita as tensões envolvidas nesse percurso ao relatar, no encontro do mês de julho (Willka kuti), que “é muito complexo chegar nesse lugar, ocupar esse espaço, trazer toda a sua família e elas fortalecerem a sua caminhada também”, destacando “doze, treze anos de muita correria, de busca pelo conhecimento, de muita deslegitimação, de muito desaforo”. Para ele, a presença da família — “significa muito para mim, ela está aqui hoje, minha mãe, meus irmãos” — reafirma a ancestralidade como força de sustentação e resistência.
A relação intrafamiliar e comunitária e a transmissão transgeracional surge, então, como eixo central das falas de vários encontros formativos deste ano, especialmente no contexto da mobilidade, das migrações e da vida em contexto urbano. Libertad Pinto ressalta, no ciclo de agosto (llumpaqa), sua experiência de pesquisa como um caminho compartilhado com diversas comunidades indígenas, cujos frutos podem não ser imediatamente visíveis, mas que irão ressoar nas próximas gerações. De modo convergente, Oscar Willka Condori Ninahuanca afirma, ao falar no encontro de setembro (Sata), que a atuação coletiva no Centro Cultural Andino Amazônico busca garantir que os filhos e descendentes já nascidos no Brasil saibam de onde vêm e reconheçam a força de suas origens e de seus ancestros.
Essa preocupação com a transmissão cotidiana aparece também no relato de Jobana Moya, que, no ciclo de outubro (taypi sata), descreve o esforço de comunicar aos filhos o que significa ser uma pessoa quéchua — com tradições, saberes, conhecimentos e formas próprias de ser e pensar — em um contexto urbano e não andino que frequentemente opera no sentido do esquecimento e da homogeneização cultural. A continuidade desses saberes se expressa ainda na relação com a terra e com os elementos, como explica Cesar Chui Quenta ao falar em novembro (lapaka), ao afirmar que os ensinamentos persistem no estado contínuo de conversa com a diversidade da terra e das plantas de cura, espaço no qual é possível encontrar “la sanación” [a cura].
Por fim, essas experiências e reflexões convergem para uma afirmação política e epistemológica mais ampla. Roxana Condori Flores destaca, no último encontro, em dezembro (jallu qallta), a importância de reconhecermos em nós mesmos a resistência e a pertinência do pensamento e da ação decolonial. Ainda que o termo “decolonial” circule cada vez mais no campo acadêmico, a própria vida e luta dos povos andinos afirmam há mais de 500 anos essa realidade, demonstrando que a ancestralidade, longe de pertencer ao passado, constitui um princípio ativo de crítica, existência e projeção de futuro.

Mas se até aqui caminhamos, podemos nos perguntar: como continuaremos?
Nossos próximos encontros previstos para acontecerem a partir de janeiro de 2026 continuarão a reafirmar a diversidade de oradores, de experiências e saberes, valorizando a presença de indígenas andinos sábios e pesquisadores nas áreas como da linguística, da história, das tradições ancestrais, da música e outras expressões, tanto de gerações mais novas como anteriores, seja com pessoas mais conhecidas por meio das mídias digitais, seja aquelas reconhecidas pelo seu trabalho de base. Desta forma, afirmamos a continuidade da formação como espaço ativo de troca de saberes, transmissão de conhecimentos e de diálogo plural, aberto e construtivo. A parceria entre o Centro Cultural Andino Amazônico e o Museu da Imigração será fortalecida pela articulação do ciclo formativo com o projeto ‘Ano Novo Andino: Willka Kuti 5534’ contemplado pelo VAI - Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Nesta ciclicidade em movimento, nossas datas celebrativas do calendário cosmogônico andino continuarão a ser festejadas e rememoradas, no espaço do Museu e noutros espaços pela cidade, num processo contínuo de caminhar com os ancestros e ancestrais neste espaço-tempo, nesta Pacha.
Qhiphat nayrakamaw sarnaqtanxa.
Jallalla!!!

Foto de abertura: Shirley Espejo no terceiro encontro formativo do ciclo, em maio de 2025/5532 (Crédito: Cristina Branco)
Referências:
[1] Layme Pairumani, Felix. 2004. Diccionario Bilingüe Aymara Castellano - Castellano Aymara. 3a. edición: Consejo Educativo Aymara (CEA).
* Monica Huanca é indígena aymara, nascida em Chuquiago Marka, atual La Paz, Estado Plurinacional da Bolívia, neta de avós materna e paterna originárias da região circundante do sagrado Lago Titicaca conhecida como Waychu, e de avô paterno aymara, originário da cidade de Tiwanaku, e avô materno mestiço de origem aymara. Migrou ainda criança com os pais e irmãos para São Paulo no começo da década de 70. Nos últimos anos, vem retomando sua pertença indígena através da reativação de rituais aymaras, como as Ch´allas, o Willka Kuti e o Wiñay Pacha, e da aprendizagem da língua aymara. Integra o Centro Cultural Andino Amazônico e participa da organização do Ano Novo Andino desde 2022. Cursou formações presenciais em La Paz, em 2019 (Sociologia da Imagem e Têxtil Manual Andino) e em 2020 (Conceitos básicos da língua Aymara), no Colectivo Ch´ixi, coordenado por Silvia Rivera Cusicanqui. Hoje em dia, é mestranda em Saberes Ancestrais, Patrimônio Biocultural e Turismo na Universidad Andina Simón Bolívar e também se dedica à agrofloresta em Piracaia (SP).
* Cristina Branco é filha e neta de exiladas políticas das ditaduras brasileira e chilena e foi emigrante por mais de dez anos em Lisboa, Barcelona e Buenos Aires, tendo atuado nos movimentos migrantes dessas cidades. É antropóloga visual doutoranda pela Universidade Nova de Lisboa (UNL/CRIA). Desde 2015 integra o Visto Permanente – coletivo audiovisual e de confluência artística migrante e é integrante-aliada do Centro Cultural Andino Amazônico desde 2021. Em 2023, dirigiu a série documental Ventos do Peabiru, sonhada desde 2018 com amigos aymaras e quechuas, co-roteirizada coletivamente e realizada pelo Kollasuyu Maya, Vericeia Filmes e Visto Permanente. Hoje é também pesquisadora no Museu da Imigração.
**Glossário:
Achachila. s. Bisavô. // adj. Ancestral. Deuses tutelares da região ou da nação. (Layme 2004, 25)
Ajayu. s. Espírito. // s. Alma, vivacidade, energia. (idem 26)
Amawt'a. Adj. Científico. Uma pessoa que faz ciência. Amawt'aña. s. Filosofia. A forma de pensar ou perceber o ambiente. Amawt'iri. Adj. Filósofo. Uma pessoa que professa, que filosofa. (idem 29)
Apu. s. Capitão, comandante de uma tropa. // adj. Senhor, distinto nobre. // fig. Sublime. (idem 35)
Aru. s. Palavra. // Idioma. // Língua de um país ou de uma nação. (idem 37)
Awicha. s. Avó. // Ancestral. Uma divindade benigna que se acredita estar próxima à lareira, em algum tecido ou em ruínas antigas. (idem 40)
Awti Pacha. s. Estação seca ou clima. (idem 41)
Chakana Raymi. s. Festa da Cruz do Sul. (idem 44)
Inti Raymi. s. Grande festa de Ano Novo, Solstício de Inverno. (idem 69)
Jallalla. Interj. Viva! Grito de aclamação. (idem 76)
Jaya. adj. Longe. Distante. // adv. Longe. A grande distância. (idem 81)
Mara. s. Ano. Transcurso dos doze meses. (idem 119)
Nayra. s. Olho. Órgão da visão. // Antes, anterior. (idem 125)
Pacha. s. Espaço-tempo. // Ciclo. // Época. (idem 129)
Phaxsi. s. Luna. // fig. Mês. Cada uma das doze partes em que se divide o ano. Achuqa: porque todos os cultivos já produziram (março). Qasiwi: porque todos os cultivos, depois de produzir, ficam amarelos antes de morrerem (abril). Llamayu: porque em todo lugar cavam ou se colhem as batatas (maio). Mara t´aqa: fim de ano; porque o dia é mais curto (junho). Willka kuti. Willka: Sol; Kuti: retorno, volta. O sol renasce, ou seja, o dia volta a crescer (julho). Llumpaqa: mês da oferenda e rituais de reciprocidade aos deuses (agosto). Sata: semeadura, a primeira semeadura (setembro). Taypi satã: semeadura média, este mês é a semeadura do meio em todos os lugares (outubro). Lapaka: último plantio, porque faz muito calor neste mês (novembro). Jallu qalta: começa a chover (dezembro). (idem 137, 138)
Qhipha. adv. Atrás. Depois. Último. (idem 154)
Qulla Suyu (Kollasuyu). Antiga província do Tawantinsuyu. Atual nação aymara, ainda mantém as duas parcialidades que a compõem: Lupaka e Pakaji. (idem 149)
Sarnaqaña. v. intr. Caminhar. Deslocar-se de um lado para o outro movendo os pés. Andar, marchar. (idem 165)
Willka Kuti. s. Willka: Sol; Kuti: retorno, volta. O sol renasce. Em outras palavras, o dia volta a crescer. (idem 137) (Solstício de inverno no hemisfério sul)
*** Conforme a contagem de tempo no calendário aymara, estamos no ano 5533. Por conta disso, colocamos ao lado da contagem do ano no calendário gregoriano, o ano correspondente no calendário andino.
**** Todos os excertos de falas ou citações escritas em espanhol foram traduzidos para português pelas autoras. O mesmo se aplica para a tradução do glossário.