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Vitrine do acervo: Uma mala
Malas são necessárias em viagens e por isso podem ser objetos que representam o ato de migrar e sua transitoriedade. Além disso, por serem de uso esporádico, costumam ser guardadas, estando também presentes em acervos de museus. Afinal, o que você leva consigo ao se deslocar de um território a outro? O que o tamanho e formato de sua bagagem diz sobre sua história e as condições de seu percurso? Ou sobre sua época?
A mala exposta atualmente na Vitrine do Acervo, aqui no Museu da Imigração, do foi doada por Alberta Jona, de origem italiana, e remonta à década de 1920, tendo pertencido a sua avó. Pequena e retangular, é revestida de couro marrom e possui alça, duas fechaduras e suportes de apoio em metal. Além do desgaste natural provocado pela ação do tempo, os arranhões e as perdas, principalmente nos cantos, nos ajudam a refletir sobre seu uso, ou seja, as condições em que foram carregadas ou mantidas nos bagageiros de navios, trens, aviões ou nos armários domésticos. É possível notar também que a alça apresenta marcas e algumas rachaduras, nos remetendo às mãos que foram responsáveis por seu transporte.
Ela apresenta ainda duas etiquetas, bastante desgastadas; naquela da lateral pode-se ler HOTEL FRANCIA E QUIRINALE, uma hospedagem bastante confortável na região da Toscana que existe desde 1908 até os dias de hoje; já naquela da parte superior lê-se ITALIA SOCIETÀ DI NAVEGAZIONE, uma companhia marítima de navegação que realizava inclusive viagens transatlânticas, que funcionou de 1932 a 2002, remetendo a uma viagem de Gênova a Santos mencionada no processo de doação. Por fim, os fechos da mala, com a inscrição do fabricante, English Lever, encontram-se trancados – e não há vestígios da chave. Ainda que seja possível adentrar um pouco mais na história deste objeto a partir da observação e de seus detalhes, certos aspectos de sua trajetória permanecerão parte de uma história privada sendo, para o resto do mundo, secretos, assim como é para nós o seu interior.